segunda-feira, outubro 24, 2005

Todos os caminho vão dar a ...

Este post é uma continuação do anterior mas como é um tema diferente, pertence a um post diferente :D.

Ao ver que o pessoal do 2º ano nem sabia o que era um branco, a nossa conversa virou para o que aprendem eles no ensino secundário (como é óbvio: NADA!). Mas pronto. Uma coisa leva a outra e fiquei a saber uma coisa que me pôs um pouco frustrada.

O curso de Engenharia Biotecnológica é acreditado pela ordem dos engenheiros. O curso de Engenharia Alimentar em Lisboa não é (talvez porque não tem prova específica de entrada de Matemática e por outras razões). Até aqui tudo bem. Mas depois fiquei a saber que no mercado de trabalho, um Engenheiro de um curso acreditado pela ordem e um de um curso não acreditado têm exactamente as mesmas hipóteses de arranjar trabalho. E depois penso...para que estamos aqui nós a lutar para fazer 3 cadeiras de análise matemática, 3 de física, e mais não sei quantas que nos dão acesso á acreditação na ordem, se depois, neste país, isso não nos serve de nada. As notas em cursos sem estas cadeiras de certeza que até são maiores, logo mais hipóteses de trabalho.

É bom. Saber que nos esforçamos para depois não haver distinção. Mas pronto. Depois falou-se sobre o processo de Bolonha que tem a ver com o ensino superior (os créditos, as cadeiras, o número de anos, etc) e que supostamente iria unificar e distinguir os cursos.
Interessou-me. Cheguei a casa e fui pesquisar sobre isso. Encontrei um artigo que me interessou e do qual retirei esta parte (o restante também é fixe e podem vê-lo aqui):

"Muitos alunos fazem uma formação e depois na vida activa acabam por não trabalhar na área para a qual se formaram. E acontece que se empregam noutros áreas, tirando lugar a pessoas formadas apenas para aquilo. É desejável essa situação?

O erro é criar a expectativa ao aluno do que ele vai ser. Hoje em dia, o importante é fomentar uma educação, é preparar os estudantes para entrar na vida activa. Se forem incentivados a entrar em cursos de banda estreita, com uma especialização exagerada e uma ligação profissional aparentemente óbvia, seguramente que isso vai aumentar a frustração. Estudos dizem que mais de metade dos anúncios de emprego ao nível dos licenciados não indica qual é o tipo de profissional que precisam. Ou seja, o que se pretende primariamente no ensino superior é uma educação. Depois, se o jovem fez um curso numa área e vai acabar por trabalhar numa área muito afastada, isso, a meu ver, não deve ser visto como uma crise. O que não faz sentido é estar a formar um jovem durante dez anos, convencendo-o que vai ser jornalista, filósofo ou engenheiro, e no fim dizer-lhe que afinal isso não vai acontecer. Ao fim de dez anos, é muito difícil reciclar uma toda aprendizagem. Portanto, aqui está mais uma razão para os cursos serem mais curtos. Agora, esse desacerto entre a formação inicial e o que vai fazer acontece em todo o mundo, vai continuar a acontecer e acho que é benéfico."

Ou seja, não criem expectativas meus amigos. Se estão 5 anos a tirar um curso e pagam uns arredondados 34 000€, o vosso futuro é mesmo o MacDonalds.